A violência contra a mulher é uma realidade e a Justiça têm
desenvolvido diversas ações para mudar essa realidade. A Semana Nacional
Justiça pela Paz em Casa, iniciada nesta segunda-feira, dia 26 de novembro, é
um mutirão realizado três vezes por ano nos tribunais do país que
visa acelerar a tramitação dos processos sobre violência de gênero. O conselho
Nacional de Justiça divulgou o programa esclarecendo seu objetivo e suas
interfaces, incluindo outras iniciativas sobre a questão.
“Iniciado em março de 2015, o Justiça pela Paz em Casa
conta com três edições de esforços concentrados por ano. As semanas ocorrem em
março – marcando o dia das mulheres -, em agosto – por ocasião do aniversário
de sanção da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) -, e
em novembro – quando a ONU estabeleceu o dia 25 como o Dia Internacional para a
Eliminação da Violência contra a Mulher.
O programa também promove ações interdisciplinares
organizadas que objetivam dar visibilidade ao assunto e sensibilizar a
sociedade para a realidade violenta que as mulheres brasileiras enfrentam”. (Reprodução
CNJ)
A DIFICULDADE DE CLASSIFICAÇÃO
“Nós não temos processos no fórum, mas os cadáveres se
apresentam”, afirmou a desembargadora Lenice Bodstein, do Tribunal de Justiça
do Paraná (TJ-PR). A frase da desembargadora se refere à dificuldade, tanto nas
delegacias quanto dentro do próprio Poder Judiciário, de classificar os crimes
como feminicídio, tendo em vista que a lei que o estabeleceu tem apenas três
anos. Até então, o crime era tratado apenas como homicídio de maneira geral.
A desembargadora conta que tem feito um trabalho de capacitação com os próprios escrivães de justiça para que possam identificar quando se trata de um processo envolvendo a questão do gênero.
Em levantamento feito este ano pelo TJ-PR, apresentado
durante a Jornada Maria da Penha pela desembargadora Lenice Bodstein, foram
identificadas 324 ações penais de feminicídio. A cidade de Londrina e a capital
Curitiba apresentavam mais de 20 ações, enquanto 61 juízos não apresentavam
nenhum caso. Na opinião da juíza auxiliar da Presidência do CNJ Andremara dos
Santos, o Judiciário e o CNJ têm se esforçado para coletar dados fidedignos e
retirar da invisibilidade o que antes era tolerado. “O Judiciário aprimorou e
refinou mecanismos de coleta de dados e procurou-se adequar a perspectiva de
gênero”, diz a juíza auxiliar.
Outra iniciativa do TJPR apresentada pela desembargadora
Bodstein é a tradução, para línguas indígenas de povos de Laranjeiras do Sul,
da Lei Maria da Penha. “A tradução será muito importante para que mulheres dos
povos Kaingang e Guarani possam conhecer os seus direitos”, diz a desembargadora. (Reprodução matéria de Luiza Fariello - Agência CNJ de Notícias)
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