DIREITO DAS FAMÍLIAS: Adoção de netos por avós, conheça as divergências

  A divergência em duas decisões do Superior Tribunal de Justiça - STJ sobre adoção de netos pelos avós gerou discussões entre os oper...

terça-feira, 18 de setembro de 2018

DIREITO DAS FAMÍLIAS: ALTERAÇÃO DE SOBRENOME EM DIVÓRCIO.




 O nome e sobrenome são direitos inerentes à personalidade e exigem manifestação expressa para a sua alteração. A modificação do sobrenome do ex-cônjuge em divórcio não pode ser imposta à revelia. Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça ao julgar um caso onde o ex-marido pretendia que a ex-mulher deixasse de usar o sobrenome de família dele, acrescentado pelo casamento, após 35 anos de relacionamento.
A ação de divórcio tramitou à revelia da ex-esposa  e a sentença que decretou o divórcio não acolheu o pedido para de que a ela fosse obrigada a retirar o sobrenome em questão, motivo pelo qual o ex-marido recorreu e a sentença foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A decisão do STJ  manteve o entendimento e considerou vários aspectos ligados ao uso do sobrenome, tais como:
·         Dignidade da pessoa humana;
·         Identidade pessoal do indivíduo;
·         Reconhecimento perante o ambiente familiar, social, etc.
Leia abaixo matéria publicada no site do STJ sobre o tema:
"Em caso de divórcio, não é possível alterar sobrenome de ex-cônjuge à revelia
No caso de divórcio, não é possível impor, à revelia, a alteração do sobrenome de um dos ex-cônjuges, por se tratar de modificação substancial em um direito inerente à personalidade – especialmente quando o uso desse nome está consolidado pelo tempo.
Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso de ex-marido que queria, em ação de divórcio, à revelia da ex-mulher, exigir que ela deixasse de usar o sobrenome dele, após 35 anos de casamento.
A sentença que decretou o divórcio não acolheu a pretensão de que a mulher fosse obrigada a retomar o sobrenome de solteira, decisão confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
No STJ, o homem alegou que, como a ação de divórcio correu à revelia da mulher, isso equivaleria à sua concordância tácita quanto ao pedido relacionado ao sobrenome.
Manifestação expressa
Ao negar provimento ao recurso, a relatora, ministra Nancy Andrighi, explicou que a decretação da revelia da ex-mulher na ação de divórcio não resulta, necessariamente, em procedência do outro pedido feito pelo autor na mesma ação, para modificar o sobrenome da ex-cônjuge, sobretudo quando ausente a prova dos fatos alegados.
“O fato de a ré ter sido revel em ação de divórcio em que se pretende, também, a exclusão do patronímico adotado por ocasião do casamento não significa concordância tácita com a modificação de seu nome civil, quer seja porque o retorno ao nome de solteira após a dissolução do vínculo conjugal exige manifestação expressa nesse sentido, quer seja porque o efeito da presunção de veracidade decorrente da revelia apenas atinge as questões de fato, quer seja ainda porque os direitos indisponíveis não se submetem ao efeito da presunção da veracidade dos fatos”, afirmou.
Dignidade humana
Para a ministra, a pretensão de alterar o nome civil para excluir o sobrenome adotado por cônjuge, após o casamento, envolve modificação substancial em um direito da personalidade. Assim, segundo a ministra, é inadmissível a mudança à revelia quando estiverem ausentes as circunstâncias que justifiquem a alteração, “especialmente quando o sobrenome se encontra incorporado e consolidado em virtude do uso contínuo do patronímico”.
O direito ao nome, assim compreendido como o prenome e o patronímico, é um dos elementos estruturantes dos direitos da personalidade e da dignidade da pessoa humana, uma vez que diz respeito à própria identidade pessoal do indivíduo, não apenas em relação a si mesmo, mas também no ambiente familiar e perante a sociedade”, ressaltou Nancy Andrighi."

Nenhum comentário:

Postar um comentário