A dinâmica da comunicação é uma
das principais questões trabalhadas na mediação. Comunicamo-nos mesmo em silêncio,
seja por gestos, expressões, ou até a ausência deles muitas vezes notada na estática
corporal. Dificilmente, quando estamos envolvidos em uma situação conflituosa
conseguimos determinar com clareza o que o outro quer comunicar, isso porque a
nossa capacidade de observação está prejudicada pelo instinto de julgamento.
Na mediação, o estudo e a prática
da comunicação não violenta – CNV, são pontos imprescindíveis para o
desenvolvimento da solução da relação conflituosa e, separar observação de
avaliação é o start desse processo.
“Precisamos observar claramente, sem acrescentar nenhuma avaliação, o
que vemos, ouvimos ou tocamos que afeta nossa sensação de bem estar”.¹
“A cnv não nos obriga a permanecermos completamente objetivos e nos
abstermos de avaliar. Ela apenas requer que mantenhamos a separação entre nossas
observações e avaliações”.²
E por que essa prática é tão
importante para envolvidos e mediador?
Se os envolvidos estiverem em um
estágio que possibilite esse exercício por si só, ótimo, com absoluta certeza o
desenrolar das explanações e tratativas se desenvolverá mais sadiamente e a
possibilidade de entendimento se aproximará com muito mais celeridade, vez que
todos estarão em um estágio de comunicação verdadeira, quando o que se fala, ou
transmite é acolhido, e não absorvido como agressão a ser prontamente
rebatida.
No entanto, sabemos que a
possibilidade de isso acontecer com frequência é pequena. Nesse âmbito o
mediador atuará como instrumento de transmutação dessa comunicação, de forma a
facilitar a identificação do que verdadeiramente se quer transmitir e com isso
ajudar a estabelecer um novo processo de conversação.
O mediador, como pessoa, também
possui instintos avaliativos, não se exige que ele abandone esses instintos,
até porque não seria algo viável, mas sim que os separe das situações expostas,
e atue como instrumento catalisador da comunicação positiva. O mediador não é
julgador, a sua capacidade avaliativa não é foco no processo e sim a sua
habilidade facilitadora.
Só há estabelecimento de consenso
com o uso adequado da comunicação, para tanto é imprescindível trabalharmos a nossa
capacidade de abstenção avaliativa nas diversas formas de comunicação nas
nossas relações.
Sabemos que isso não é uma tarefa
fácil e por esta razão propomos um exercício: durante vinte e quatro horas,
tentemos realizar uma observação não avaliativa da forma de comunicação de alguém
próximo de nós, pode ser um familiar, um colega de trabalho, um amigo, ou
outro. A cada interação com essa pessoa, propomos ouvir e observar sem avaliar
sob a ótica dos próprios sentimentos, simplesmente absorvermos como fatos.
Vamos tentar?
Se desejar, posteriormente coloque
nos comentários suas impressões e observações e vamos dialogar sobre.
Aguardamos vocês!
Célia Regina Dantas - Advogada especialista em Gestão Jurídica e Mediadora de Conflitos.
Célia Regina Dantas - Advogada especialista em Gestão Jurídica e Mediadora de Conflitos.
¹ ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
² ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.
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