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terça-feira, 26 de setembro de 2017

MEDIAÇÃO: Observar ou avaliar. Desafios da comunicação.




A dinâmica da comunicação é uma das principais questões trabalhadas na mediação. Comunicamo-nos mesmo em silêncio, seja por gestos, expressões, ou até a ausência deles muitas vezes notada na estática corporal. Dificilmente, quando estamos envolvidos em uma situação conflituosa conseguimos determinar com clareza o que o outro quer comunicar, isso porque a nossa capacidade de observação está prejudicada pelo instinto de julgamento.


Na mediação, o estudo e a prática da comunicação não violenta – CNV, são pontos imprescindíveis para o desenvolvimento da solução da relação conflituosa e, separar observação de avaliação é o start desse processo.

Precisamos observar claramente, sem acrescentar nenhuma avaliação, o que vemos, ouvimos ou tocamos que afeta nossa sensação de bem estar”.¹
“A cnv não nos obriga a permanecermos completamente objetivos e nos abstermos de avaliar. Ela apenas requer que mantenhamos a separação entre nossas observações e avaliações”.²
E por que essa prática é tão importante para envolvidos e mediador?

Se os envolvidos estiverem em um estágio que possibilite esse exercício por si só, ótimo, com absoluta certeza o desenrolar das explanações e tratativas se desenvolverá mais sadiamente e a possibilidade de entendimento se aproximará com muito mais celeridade, vez que todos estarão em um estágio de comunicação verdadeira, quando o que se fala, ou transmite é acolhido, e não absorvido como agressão a ser prontamente rebatida.

No entanto, sabemos que a possibilidade de isso acontecer com frequência é pequena. Nesse âmbito o mediador atuará como instrumento de transmutação dessa comunicação, de forma a facilitar a identificação do que verdadeiramente se quer transmitir e com isso ajudar a estabelecer um novo processo de conversação.

O mediador, como pessoa, também possui instintos avaliativos, não se exige que ele abandone esses instintos, até porque não seria algo viável, mas sim que os separe das situações expostas, e atue como instrumento catalisador da comunicação positiva. O mediador não é julgador, a sua capacidade avaliativa não é foco no processo e sim a sua habilidade facilitadora.

Só há estabelecimento de consenso com o uso adequado da comunicação, para tanto é imprescindível trabalharmos a nossa capacidade de abstenção avaliativa nas diversas formas de comunicação nas nossas relações.

Sabemos que isso não é uma tarefa fácil e por esta razão propomos um exercício: durante vinte e quatro horas, tentemos realizar uma observação não avaliativa da forma de comunicação de alguém próximo de nós, pode ser um familiar, um colega de trabalho, um amigo, ou outro. A cada interação com essa pessoa, propomos ouvir e observar sem avaliar sob a ótica dos próprios sentimentos, simplesmente absorvermos como fatos.

Vamos tentar?

Se desejar, posteriormente coloque nos comentários suas impressões e observações e vamos dialogar sobre. Aguardamos vocês!



Célia Regina Dantas - Advogada especialista em Gestão Jurídica e Mediadora de Conflitos.





¹  ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.

² ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.

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